Alvo de cobrança em Joinville nos últimos anos, a recuperação da área central se transformou em um dos principais temas da campanha eleitoral das eleições 2020. Com diferentes propostas, os candidatos acreditam em novo momento do Centro a partir de intervenção do poder público, com melhorias capazes não só de trazer a importância econômica de quase duas décadas atrás, como também retomar a condição de espaço de lazer e convivência. Para alcançar tal resultado, improvável na extensão prometida, as iniciativas terão de ganhar um foco quase que inédito, afinal o Centro acaba se perdendo entre outras prioridades.
As cobranças pela recuperação do Centro se arrastam há anos e foram reforçadas com os transtornos provocados pelas obras do rio Mathias, em especial na praça Nereu Ramos e rua Jerônimo Coelho. As queixas se concentram na infraestrutura, paisagismo e segurança. De certa forma, a atual administração reconheceu o problema no ano passado ao lançar um projeto de requalificação, com previsão de editais de obras em 2020 (ainda não saíram).
Mas a proposta tem uma fonte incerta de recursos, a receita da prefeitura com a construção civil em dispositivos como outorga onerosa. Até há arrecadação com o instrumento, mas nunca para fazer tudo ao mesmo tempo, o que mantém a sina de recuperação pontual– ou é só a rua das Palmeiras, ou as calçadas da Quinze, uma das três praças, sempre isoladamente. Nesta campanha, a maioria dos candidatos não economizou em ousadia nas propostas para o Centro.
DE TODO TIPO
Nesta campanha, há propostas de diferentes modalidades, muitas próximas de uma espécie de refundação do Centro. Darci de Matos quer um novo mercado público no espaço do terminal de ônibus, a ser desativado. Seria coisa para parceria público-privada, algo inédito em Joinville (a Expoville não é PPP, trata-se de concessão). Francisco de Assis também considera realocar o terminal de ônibus, inclusive faz defesa de reimplantação de um calçadão na área central. Ivandro de Souza quer usar outro instrumento inédito na cidade, embora previsto em lei: as operações urbanas consorciadas, na qual a iniciativa privada tem regras especiais para construir e, em contrapartida, requalifica o entorno. O Centro Histórico seria um shopping a céu aberto, conforme o candidato.
A lista continua. Fernando Krelling pretende executar o projeto já apresentado pela prefeitura. Adriano Silva defende a criação de distrito criativo, com incentivos fiscais para instalação de empresas iniciantes (startups). Para Eduardo Zimmermann, é preciso construir um edifício público para estacionamento e instalar mais calçadões. James Schroeder quer a revitalização para o Centro virar espaço de “moradia, convívio e trabalho”. Focado em segurança, Marco Aurélio Marcucci quer primeiro ações no setor antes da revitalização. Ônibus elétricos de pequeno porte são sugestões de Tânia Eberhardt para a área central. A lista apresentada é formada por exemplos, há mais propostas, inclusive de outros candidatos.
Como se trata de campanha eleitoral, há dificuldade de se comprometer apenas com o básico, é preciso impressionar. O positivo é que o Centro ganhou um destaque que não teve nas últimas campanhas. Mas sempre há o risco de as propostas não passarem de mais ideias para ampliar a já extensa lista de sugestões para “revitalizar o Centro de Joinville”, sem saírem do papel.
Fonte: Jefferson Saavedra (A Notícia)
Foto: Eberson Theodoro, arquivo pessoal