Associado número 147 da Câmara de Dirigentes Lojistas de Joinville, a Discolândia/Comercial Wojtech Ltda. completou 49 anos no dia 15 deste mês. O espaço faz parte da história da cidade e continua firme, criando novas memórias musicais entre os joinvilenses. A gerente da loja, Marli Silva Avancini, conta que a Discolândia nasceu no dia 15 de janeiro de 1969 no final da rua do Príncipe, próximo à Catedral. “O lugar era pequenininho e assim que houve possibilidade mudou-se para a rua 15 de novembro, 410, onde está até hoje. O grande problema inicial era não ter nenhuma vitrine para mostrar os produtos, mas foram criadas algumas janelas encaixadas, onde as mercadorias ficavam expostas, com os preços”, recorda.
Loja enfrenta crises econômicas e se reinventa
Nos primeiros tempos, a Discolândia vendia discos de vinil (LPs), fitas k7, equipamentos de som para residência e alguns acessórios. Logo foi preciso expandir para a parte de trás da primeira loja, com a criação de um segundo espaço dedicado somente aos eletrônicos para residências, como toca-discos, receivers e caixas acústicas. Mas seguidas crises econômicas levaram fábricas de eletrônicos à falência, e começou a faltar mercadoria. Novamente a Discolândia conseguiu se reinventar. Teve de diminuir a equipe de funcionários, mas, ao mesmo tempo, conseguiu acrescentar produtos ao seu mix, entre eles, viceocassetes, toca-discos laser e fones de ouvido. O carro-chefe da empresa continuava sendo o vinil e o cassete.
Surgimento do CD levou a uma nova readaptação
A gerente da Discolândia, Marli Silva Avancini, lembra que no dia 9 de abril de 1986 o primeiro CD foi lançado no Brasil, fazendo a população, aos poucos, deixar o vinil de lado. “Tratava-se de ‘Garota de Ipanema’, numa gravação da Nara Leão e do Roberto Menescal”, recorda a gerente. Novamente a Discolândia teve de se adaptar a uma nova realidade. “A resistência ao CD foi grande, devido à baixa qualidade técnica inicial, mas foi minada gradativamente. Primeiro, porque os CDs eliminavam a chiadeira que saía dos discos cada vez que se punha uma bolacha no aparelho estéreo. Nunca mais um ‘pulo’ de uma agulha no vinil quebraria a atmosfera de contemplação criada por um belo disco”, compara Marli.
O mundo volta a se fascinar pelos bolachões
A gerente da Discolândia relata que “a lusitana roda e o velho vinil acabaram revelando suas outras qualidades com o passar do tempo”. Segundo ela, o elepê se mantém como um fascinante objeto manuseável, geração após geração. “Os DJs o redescobriram como ferramenta de trabalho, os artistas o veem como uma grande e intensa possibilidade de criatividade gráfica – as capas dos elepês alargaram os limites da criação. Hoje estamos também vendendo vinis usados e novos importados, com uma boa procura. O disco de vinil voltando à moda não é exclusividade nossa. Na Inglaterra, por exemplo, as vendas desse tipo de mídia só aumentam, na contramão das quedas nas vendas de CDs”.
Clientes e colecionadores continuam fiéis à loja
Apesar da pirataria de CDs e DVDs, a Discolândia conseguiu manter a clientela unida para ouvir catálogos que poucos tinham. “Os clientes e colecionadores continuam fiéis à loja até os dias de hoje”, destaca Marli Avancini. Para ela, ouvir música é um ritual que alegra o coração, é algo além de só ouvir. “É necessário ter conhecimento e clima. Posicionar a agulha e escutar o som e ouvir tocar a sua banda preferida é algo inexplicável. Sentar no sofá ou no chão e ler todo o encarte até os créditos é fabuloso; quem produziu, quem compôs, quem arranjou, quem criou a capa, enfim, um prazer que somente o vinil proporciona. Mas não se deixa de lado uma boa gravação em CD, DVD ou Blue Ray”. Como ficará a loja no futuro? “Não sabemos”, responde Marli. “Mas de uma coisa temos certeza: a música jamais irá acabar, só podem mudar a mídia e a forma de ouvi-la. A música é mágica e nos leva a um mundo muito lindo”.