Nesta semana, a CDL Joinville deu continuidade à agenda de reuniões com os deputados estaduais e federais eleitos por Joinville e região e com os vereadores da cidade. Na segunda-feira pela manhã, o encontro foi com o deputado estadual Fernando Krelling. Na terça-feira à noite, a Diretoria da CDL recebeu o vereador Richard Harrison.
A proposta da entidade é apresentar as demandas do comércio local e do município e também ouvir sobre o trabalho desenvolvido na Câmara de Vereadores, na Assembleia Legislativa e no Congresso Nacional.
A CDL começou a agenda de reuniões em março, e, além de Krelling e Harrison, já recebeu os vereadores James Schroeder, Cláudio Aragão e Fábio Dalonso e os deputados federais Darci de Matos e Rodrigo Coelho.
Deputado estadual Fernando Krelling
O deputado estadual Fernando Krelling foi recebido no dia 3 de junho (segunda-feira) pela diretoria da CDL de Joinville para um café de manhã. O presidente da entidade, José Manoel Ramos, e os outros diretores presentes falaram sobre diversos assuntos que preocupam o comércio, a cidade e a região, como a BR-280, a Serra Dona Francisca, o contorno ferroviário, o sistema prisional, o Simples Nacional, o sistema penitenciário, o Bloco X, a reforma da Previdência, o Pacto Federativo e a Frente Parlamentar do Varejo recém-instalada na Alesc.
“Queremos estreitar cada vez mais o nosso relacionamento com o Poder Legislativo estadual, em especial com os que representam o Norte do Estado. Krelling é um campeão de votos e está fazendo um excelente trabalho na Alesc. Nosso objetivo maior é ouvir sobre o trabalho que o deputado vem desenvolvendo. O nosso primeiro item da pauta é a BR-280. Sabemos que é uma obra federal, mas tem importante participação do Estado”, afirmou Zeca Ramos.
Krelling falou da importância de falar para a sua cidade, Joinville, e trabalhar para ajudar a mudar o quadro atual de demonização da política. Ele citou a ação da Polícia Federal e da Receita Federal também em Santa Catarina, especificamente a Operação Alcatraz, que investiga fraudes em licitações e contratos com a Secretaria de Estado de Administração e a Epagri.
“Os desdobramentos serão ainda maiores. Deram um chute na árvore, mas tem um monte de macaquinhos pendurados”, disse Fernando Krelling. “Quem errou vai pagar o preço”.
Lua de mel acabou – Sobre as demandas de Joinville e região, e de todo o Estado, o deputado estadual deixou claro que “a lua de mel com o governador acabou. Chegou o momento em que o trabalho tem de ser feito”. Segundo ele, a Alesc aprovou a reforma administrativa com pequenas mudanças. “A chave do Estado agora está com ele (o governador”.
O deputado afirmou que é um ferrenho defensor de que o governo do Estado passe a olhar para Joinville, deixando de concentrar as obras em Florianópolis. “Não conseguimos sequer R$ 5 milhões para fazer as melhorias da rua Prudente de Moraes. A história mostra que Joinville sempre foi deixada de lado. Mas o que seria de Santa Catarina sem Joinville?”, questionou Krelling.
José Manoel Ramos acrescentou: “Nós, de Joinville, devemos começar a lutar pela duplicação de pelo menos uma das entradas da cidade e melhorias nessas ruas. A questão viária de nossa cidade é um sério problema. Mas só vemos grandes obras em Florianópolis”.
Retorno da arrecadação – O deputado informou que tem levado os pleitos da cidade e da região para o governador Moisés, e que ele garantiu investimentos. “A arrecadação de impostos aumentou. O dinheiro está entrando mais. Santa Catarina é o primeiro Estado que está começando a sair da crise”, disse Krelling.
Sobre a Serra Dona Francisca, ele afirmou: “Estamos pedindo o básico: iluminação, demarcação e roçada. Como está, é um risco para todos nós. E a maior arrecadação do Estado passa por esta serra. Com força política, acredito que uma melhora deve acontecer logo”.
O deputado estadual reforçou que está cobrando do governo estadual a realização de grandes obras em Joinville, principalmente em mobilidade.
“Melhorias básicas nas entradas principais da cidade e no Eixo Industrial”, exemplificou. “Queremos, no mínimo, retorno do que a gente arrecada. Por isso defendo o Pacto Federativo, que era uma bandeira do ex-governador e senador Luiz Henrique da Silveira. Que os recursos fiquem no Estado e na cidade que arrecadam. Hoje temos de mendigar o que é nosso”.
Sistema penitenciário – Os diretores da CDL e o deputado Fernando Krelling também falaram sobre os problemas do sistema penitenciário de Joinville, com o presídio superlotado e interditado para novos detentos. Para Krelling, deve-se trabalhar na base para resolver o problema em médio e longo prazos.
“Se não atacarmos com políticas públicas de prevenção, não vai adiantar. Quando eu era presidente da Felej, desenvolvi projetos no Jardim Paraíso, Jardim Sofia e Jardim Kelly, com artes marciais para adolescentes de 12 a 16 anos, em parceria com o Ministério Público. Em três meses diminuímos em 60% os problemas relacionados a esses meninos, como pequenos furtos. Pegamos os alunos mais difíceis e com o esporte eles mudaram de comportamento. Realmente muda”, defendeu.
Discrepâncias – “Não adianta fazer presídios, onde o custo é de R$ 3.500,00 mensais com cada preso para o governo do Estado. Uma criança com atividades no contraturno escolar custa R$ 500,00. Há uma discrepância muito grande”, acrescenta.
“É uma política de médio prazo, mas tem como fazer. Há parceiros interessados em participar de projetos de políticas públicas, sem usar um real do poder público. Mas deve haver vontade do poder público para isso”, reforça.
O presidente da CDL concordou com o deputado, e disse que o uso maior de tornozeleiras eletrônicas também seria uma saída. Mas, ao contrário de outros países, no Brasil ainda não funciona.
Krelling sugeriu que cases que deram certo em outras regiões sejam analisados para implantar em Santa Catarina. “O Paraná, por exemplo, conseguiu diminuir a população carcerária com medidas alternativas, agindo por demanda”.
Vereador Richard Harrison
O encontro com o vereador Richard Harrison ocorreu na noite de 4 de junho, terça-feira, durante reunião da Diretoria da CDL. Policial militar da reserva de Santa Catarina, Harrison esteve à frente da Penitenciária Industrial de Joinville por dez anos. No Legislativo, tem forte atuação em defesa da segurança, tanto que dois dias depois da reunião na CDL ele conseguiu aprovar na Câmara de Vereadores, em sessão extraordinária, a criação de uma comissão especial para discutir a crise no Presídio Regional.
Custos do preso e do aluno – Na CDL, o vereador voltou a defender que a solução para cadeias superlotadas passa pela educação. “É muito mais barato investir na educação do que manter um preso, que custa R$ 3.500,00 para o Estado, enquanto os gastos com um aluno são de R$ 1.200,00”, comparou. Para o vereador, é muito mais caro manter o sistema atual, que prende e julga, ao invés de educar. “Devemos investir em prevenção”, reforçou.
Segundo ele, já em 1982 o antropólogo, sociólogo, educador, escritor e político brasileiro Darcy Ribeiro dizia que “se não construir escola não vai ter dinheiro para construir penitenciárias”. “Joinville tem mil mandados de prisão e dois mil presos”, destacou Harrison.
É preciso municipalizar – O criminoso, lembrou o vereador, “não vem da lua. Vem de dentro da sociedade, é nosso vizinho, convive conosco. Cabe a nós encontrarmos soluções para esses problemas”.
Segundo Richard Harrison, a União e o Estado não têm como solucionar a crise do sistema penitenciário. “É preciso municipalizar”.
(Por jornalista Albertina Camilo / Assessoria de Comunicação da CDL Joinville. Fotos: CDL Joinville)