Com Rede de Vizinhos, comércio do Centro de Joinville fecha o cerco contra a criminalidade

Com Rede de Vizinhos, comércio do Centro de Joinville fecha o cerco contra a criminalidade

Nunca a expressão “a união faz a força” fez tanto sentido. Graças a ações conjuntas, um grupo de empresários está conseguindo mudar o histórico crescente de criminalidade na área central de Joinville.

Desde o dia 13 de maio deste ano, quando foi criada, a Rede de Vizinhos do Comércio Central está trocando a rotina de preocupação dos setores de comércio e de serviços pela alegria de constatar avanços significativos na segurança e na reconquista do Centro pelos joinvilenses de bem.

A Rede de Vizinhos do Comércio Central está aberta à participação de todos que têm negócios nesta região. Quanto mais integrantes, mais fechado ficará o cerco contra a criminalidade.

A iniciativa foi de um grupo de empresários comerciantes, com o 8º Batalhão da Policia Militar, por meio do sargento Leandro Winter, que também participa do Conseg do Glória e Atiradores, e do soldado Ricardo Viecco de Rezende, integrante do Conseg do Anita Garibaldi.

A CDL Joinville apoia a iniciativa e convida os associados a integrarem essa rede, que vem se somar a outras ações da entidade em prol do Centro do município, como a campanha “Não dê Esmola, Ajude de Verdade”.

Como participar

O soldado Viecco e o sargento Winter são responsáveis pela Rede de Vizinhos do Comércio Central. O comerciante interessado deve mandar e-mail para rededevizinhosc@gmail.com e mandar mensagem para o WhattsApp 47 988791523. É necessário apresentar documentos e ter conduta idônea. Após cadastrado, o participante é inserido na rede e ganha adesivo para colocar na vitrine, ao custo de R$ 8,00.

São realizadas reuniões periódicas para discutir procedimentos. Há regras de boa convivência, e as mensagens trocadas não podem ser repassadas a pessoas de fora do grupo. A rede já tem participantes das ruas Blumenau e Dr. João Colin, Lages, Jerônimo Coelho, Príncipe, Princeza Isabel, Dona Francisca, 9 de Março, 15 de Novembro e laterais.

Mudanças incríveis

 “A área central tinha problemas sérios com a segurança. Os lojistas e profissionais que atuam em clínicas e escritórios se sentiam diariamente ameaçados, com arrombamentos, furtos e assaltos. Os comerciantes procuraram o 8º BPM e descobriram a Rede de Vizinhos. A partir da criação desse grupo no Centro da cidade, conseguimos mudanças incríveis”, conta Maria Ester Carvalho, integrante da rede.

“Quando acontece algum caso, como suspeitos rondando o comércio ou um roubo, o grupo é imediatamente avisado. Todos ficam atentos e atualizam informações. A rede manda alertas, fotos, vídeos, dá as características dos suspeitos. Esta ação conjunta afasta ladrões e traficantes”, acrescenta.

Informações ao 190

O soldado Viecco esclarece que a Rede de Vizinhos não substitui o 190. Os casos devem ser informados a este telefone de emergência da Polícia Militar, que registra a ocorrência e manda reforço para auxiliar os PMs inseridos na rede quando necessário.

As informações passadas no grupo facilitam as abordagens dos policiais, que vão direto nos suspeitos. Em junho, a ação que levou à prisão de um ladrão dentro da canalização do rio Mathias, por exemplo, teve a participação da Rede de Vizinhos.

Tráfico e uso de drogas

O número de arrombamentos e furtos diminuiu consideravelmente a partir da atuação da Rede de Vizinhos, mas o tráfico e o uso de drogas (“dia e noite”) continuam em vários pontos da região central.

“Existem lugares como a rua Jerônimo Coelho, onde há obras paradas e prédios abandonados, em que a tendência é ficar pior caso não forem tomadas providências mais duras. Na Praça da Bandeira, no entorno do Terminal Central de Ônibus, na rua 15 de Novembro (em imóvel abandonado) e na Praça Nereu Ramos há pessoas traficando e usando drogas o tempo todo”, afirma Maria Ester.

Polícia Comunitária

A Rede de Vizinhos é um serviço oferecido pela Polícia Militar de Santa Catarina e vem se expandindo com destaque em todas as cidades catarinenses. Funciona a partir da criação de grupos de WhattsApp que reúnem pessoas de uma determinada área da cidade. Em Joinville, várias ruas de muitos bairros já aderiram.

“Nossa filosofia de trabalho é pautada na Polícia Comunitária”, explica o soldado Viecco. “Quando o grupo passa a ver o nosso trabalho, muda a visão errada que muitos têm dos policiais”, acrescenta o policial. “Eu mesma tinha essa ideia de distanciamento da polícia, mas mudei”, reforça Maria Ester.

A atuação de policiais militares nesses grupos, tanto o do Centro quanto nos bairros, é feita voluntariamente. Eles têm de fazer o curso de membro nato da Polícia Comunitária para fazerem parte desses grupos, explica o soldado Viecco. Da área do 8º BPM, onde a área central está incluída, há cinco policiais de ligação com a Rede de Vizinhos.

Moradores de rua e pedintes

Outro fato que está chamando a atenção da Rede de Vizinhos do Comércio Central é o número crescente de moradores de rua e de pedintes nos semáforos, hoje já ultrapassando 800 pessoas.

“Já nos reunimos com a Secretaria de Assistência Social para discutirmos o assunto. Um dos problemas é que não há controle sobre os dados criminais de quem está em situação de rua”, explica Maria Ester.

Segundo ela, vários fatores colaboram para a situação atual. “Juntaram-se a crise econômica, os mendigos, os pedintes de sinaleiros, os vendedores ambulantes, o tráfico de drogas. Pedir no farol virou uma profissão. Há quem troque R$ 300,00 em moedas por dia. Soma-se a isso a criminalidade. Em meio aos mendigos têm os bandidos, que se misturam. Com a Rede de Vizinhos, queremos estender os olhos da polícia, facilitar o trabalho e conseguir uma segurança maior”, afirma.

“Os bandidos não atuam em seus bairros para não atrair a polícia. Por isso acabam se concentrando na área central, que tinha virado um chamariz para eles”.

Imóveis abandonados

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Prédio na rua 15 de Novembro virou ponto de tráfico e uso de drogas, assim como outros imóveis abandonados

Maria Ester também defende o envolvimento de todos no cuidado com a cidade: ”Não adianta só ficar reclamando”. Há, segundo ela, outros órgãos e pessoas que devem ter responsabilidades.

Cita imóveis abandonados que se tornaram ponto de tráfico de drogas e esconderijo de criminosos, como um prédio na rua 15 de Novembro que vem sendo destruído e outro na rua Jerônimo Coelho. \’Estes dois imóveis já viraram casos de saúde pública”, adverte.

Denúncias sobre imóveis abandonados podem ser feitas pelo telefone 156 ou pelo site da Prefeitura – AQUI

Opinião

Os resultados são comemorados por quem faz parte da Rede de Vizinhos do Comércio Central. Confira as opiniões:

“Tenho ouvido durante muitos anos a frase “alguém precisa fazer algo”! A Polícia Militar nunca esteve tão próxima das pessoas de bem; os Consegs têm funcionado em aproximar a sociedade da polícia para combater o crime. Me parece que está funcionando bem. Não podemos perder essa oportunidade. Entendo que se cada um de nós der sua contribuição para uma sociedade melhor, reduziremos os números da violência e da criminalidade e não deixaremos nossos bairros e cidade serem dominadas pelos delinquentes. Percamos o medo e façamos cada um a nossa parte. Como vice-presidente do Conseg Glória/Atiradores, onde a rede de vizinhos já funciona há mais tempo, estou orgulhoso da Rede Vizinhos do Centro. Como proprietário de estabelecimento e integrante do grupo, vejo que os integrantes vestiram a camisa, não se intimidaram e entraram em ‘guerra’ contra os delinquentes. Todos os dias os integrantes postam fotos das ações de tráfico explícito e delinquência que acontecem no centro. E como a PM está ligada on-line no grupo as ações têm sido imediatas e começamos a intimidar o crime. Realmente, agora existe a integração da PM (Bike Patrulha) com a comunidade dos lojistas. Se todos colaborarem e apresentarmos uma adesão maior, podemos exterminar os delinquentes do centro da cidade. O centro estava virando ‘terra de ninguém’, sendo invadido pelo tráfico. Em poucas semanas já vemos uma realidade diferente”.
Laércio Batista Júnior, da Farmácia Batista, localizada na Travessa Norberto Bachmann

“Em frente a um hospital, na praça, ficavam vários assaltantes e traficantes. Ganhavam comida e café do laboratório e da lanchonete do prédio, que faziam isso por medo de assaltos. Quando reportei esta situação ao policial, imediatamente ele tomou providências. Foram ao prédio, aos estabelecimentos, conversaram, redobraram a segurança e agora essas pessoas não frequentam mais o local. Trabalho extremamente sério e eficaz. Sentimos a polícia realmente nos protegendo e agindo. Devemos, todos os cidadãos de bem, nos unir para a segurança da cidade. Essa iniciativa está de parabéns! Espero que muitos se juntem-se ao grupo. Obrigada!
Roberta Ferraz Magnabosco, tem consultório em edifício da rua Blumenau

“Só tenho a agradecer à Rede de Vizinhos. Posso dizer que diminuíram muito os crimes por aqui. Fui vítima de assalto e agora me sinto mais segura”.
Eliane Grein Bernardo, tem loja na esquina das ruas Blumenau e Lages

“Mudou muito depois que entramos na Rede de Vizinhos. A polícia está trabalhando bem. Acabaram os assaltos às lojas. Está muito bom. Tomara que melhore cada dia mais”.
Willis Mafort de Oliveira, tem loja na rua Jerônimo Coelho

“Eu me sinto mais segura sabendo que estamos compartilhando com várias pessoas o mesmo objetivo de nos proteger. Isso nos dá uma segurança muito bacana. Vejo as postagens, a gente está sempre alerta. Uma iniciativa maravilhosa que só veio a acrescentar, ajudar a ter mais proteção”.Regina de Souza Araújo Mello, de um condomínio no Centro

(Por jornalista Albertina Camilo / Assessoria de Comunicação da CDL Joinville. Fotos: Alex Pompeu / CDL Joinville)

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