Na Reunião Plenária realizada no dia 17 de outubro, a CDL de Joinville recebeu o comandante do 62º Batalhão de Infantaria de Joinville, tenente-coronel Ronaldo Sótão Calderaro. Ele falou sobre os cem anos da chegada do 62º BI em Joinville, a trajetória até aqui, as inúmeras atividades que realiza, a relação de confiança com a comunidade e as comemorações do centenário. Além de participar de ações na segurança local e nacional, o 62º BI desenvolve importantes trabalhos sociais e culturais em Joinville. Por essa ligação tão próxima, é chamado carinhosamente de “Nosso Batalhão”.
Como parte da extensa programação que marca o centenário de chegada em Joinville, o 62º Batalhão de Infantaria Francisco de Lima e Silva traz à cidade a Banda Sinfônica do Exército, formada por 100 músicos, para apresentação neste sábado, 20 de outubro, às 19h30, na Expoville. Haverá ônibus extras e gratuitos saindo do terminal urbano central para este evento.
Outras ações de destaque estão marcadas para 23 de outubro, terça-feira, às 9 horas. Nesta data, no 62º BI, haverá Formatura Militar e uma grande exposição com equipamentos militares, armamentos e carros de combate encouraçados, além dos chamados “indestrutíveis” – viaturas militares antigas recuperadas por colecionadores. Para tanto, foi preciso montar uma grande operação logística, pois os blindados e os indestrutíveis vêm de outras cidades. O acesso é gratuito, e a comunidade é convidada a participar.
Contexto histórico
Instalação dos militares em Joinville foi clamor da sociedade
“Ansiosamente esperado há mais de três meses, chegou, afinal, a galharda
unidade de nosso Exército, que vem estacionar em Joinville”.
(Gazeta do Commercio – 14/3/1918)
A nota do semanário de Joinville traduz o momento de grande expectativa pela chegada dos militares na bucólica Joinville, uma cidade que aos 67 anos de fundação contava com 25 mil habitantes. A vinda do 13ºBatalhão de Caçadores, ao que tudo indica, foi motivada pelos desdobramentos da 1ª Guerra Mundial e, mais precisamente, pelo decreto presidencial de 1917 que colocava o Brasil em estado de guerra contra a Alemanha.
Tanto Joinville quanto Blumenau, municípios colonizados por imigrantes alemães, apresentavam-se como locais que mereciam maiores cuidados por parte do Exército na defesa do território nacional – Florianópolis recebeu efetivo com o mesmo propósito.
A chegada do batalhão do Exército foi motivo de uma grandiosa recepção em um ensolarado dia de domingo. A população enfeitou suas casas, colocou seus melhores trajes e seguiu para a Estação Ferroviária para dar as boas-vindas ao comandante, oficiais e soldados sob o comando do major Julio Cezar de Vasconcellos, com votos de feliz e prolongada permanência.
Assim que chegou a Joinville, no dia 10 de março de 1918, o contingente de 400 homens ficou acantonado em dois prédios da rua Jaguaruna: no antigo Salão Walther – posteriormente Cine Rex e hoje Liga da Sociedade Joinvilense –e na residência de um pastor da Igreja Evangélica Luterana, em frente ao antigo salão.
Na casa do pastor ficou alojada a 3ª Cia. E, no salão, as demais companhias, o Estado-menor e repartições do batalhão. Posteriormente, os militares construíram galpões para abrigar a 2ª Cia., a Casa de Ordens e secretarias.
Somente nos últimos dias de 1919 (11 de dezembro) foi criado oficialmente o 13⁰BC, desmembrado definitivamente do 5⁰ Regimento de Infantaria. Seu início efetivo ocorreu em 1⁰ de janeiro de 1920 com a leitura do boletim interno n⁰1, o qual narrou a efetivação. O major José Franco da Fonseca permaneceria interinamente como comandante do batalhão. Em 20 de fevereiro do ano seguinte, o tenente coronel Octávio Valgas Neves assumiu o comando.
A construção da sede própria, onde se encontra até hoje, começou somente dois anos após a chegada a Joinville. A pedra fundamental para a construção do edifício ocorreu no dia 28 de junho de 1921, solenidade que teve a presença da mais alta autoridade do Estado, o governador Hercílio Luz.
O registro da ordem do dia revela que o tenente coronel Otávio Valgas Neves, comandante do 13⁰BC, foi o responsável por bater a primeira pedra representando o general Ferreira Neto.
O prédio foi construído pela Cia. de Construtora Santos, sob a responsabilidade do engenheiro Roberto Simons. Já neste período havia uma significativa interação com a comunidade. De acordo com registros históricos, a construção demandou 2.000:000$00 (dois milhões de réis); o terreno custou 75:000$000, dos quais 35:000$000 (trinta e cinco mil réis) doados pela Câmara Municipal.
No livro “História do Nosso Batalhão”, o major Heryaldo S. de Vasconcelos Filho observa que a construção do quartel fez parte de um projeto nacional do ministro da Guerra, João Pandiá Calógeras (que hoje dá nome à rua em frente ao pavilhão administrativo do batalhão). Em princípios de 1922 o próprio ministro visitou as obras, acelerando os trabalhos.
Conflitos
Quatro anos após a efetivação do 13⁰ BC em Joinville, precisamente em 5 de julho de 1924, seu comandante, tenente-coronel Gustavo Maria de Andrade S. Thiago, e soldados partem do porto de São Francisco do Sul, a bordo do vapor Tocantins, para São Paulo a fim de lutar na Revolução Paulista de 1924.
Em terras paulistas integraram o Grupo de Caçadores, composto pelo 13⁰ e 19⁰BC, sob o comando do tenente-coronel Otávio Valgas Neves. Em combate na região de Cambucy, no dia 21 de julho, morre o comandante do 13⁰BC, o tenente-coronel Gustavo Maria de Andrade S. Thiago. Nesse episódio, Valgas Neves assume também o comando do batalhão de Joinville durante o conflito.
Os soldados só retornaram para seu quartel em 26 de maio de 1926.
O contingente do batalhão de Joinville voltou a pegar em armas na Campanha no Contestado (1926-1927), quando foi deslocado para Porto União a fim de combater os guerrilheiros comandados por Leonel Rocha.
Os soldados recém-chegados das batalhas do Contestado (voltaram a Joinville em janeiro de 1927), recebem novo aviso de novo deslocamento: em setembro seguem para o Oeste do Estado com a missão de conter desordeiros comandados pelo caudilho Fabricio Vieira, que saqueavam os passageiros dos trens.
A Revolução de 1930 também teve a presença dos soldados do 13⁰BC nas frentes de luta e na proteção do seu próprio quartel.Quando incorporado à Falange Libertadora da Revolução em Porto União e União da Vitória, recebe a notícia de que os revoltosos, oriundos do Rio Grande do Sul, desembarcaram em São Francisco do Sul e, no dia 9 de outubro tomam o quartel de Joinville.
No dia seguinte, o Batalhão de Caçadores, comandado pelo capitão Caldas Braga, chega à cidade e toma os aquartelados sem encontrar resistência.Dali o conflito segue pelas ruas em confronto violento com um pelotão naval nas imediações do Porto do Bucarein. Quatro dias depois, os soldados seguem para a frente de batalha na divisa entre o Paraná e São Paulo.
A Revolução Constitucionalista de 1932 obrigou a nova atuação dos bravos soldados sediados em Joinville, desta vez em terras paraenses e paulistas.
A cooperação na Segunda Guerra Mundial comoveu toda a sociedade. No dia 14 de março de 1944 o 13⁰BC inicia o exame de seleção do contingente escolhido para seguir ao front na Europa. E, no dia 28 de abril os 214 escolhidos para integrar a Força Expedicionária Brasileira (FEB) fazem a marcha de despedida pela Rua do Príncipe.
A parada terminou em frente à Sociedade Ginástica, onde o núcleo da Legião Brasileira de Assistência (LBA)serviu um lanche para os miliares. Dos dois mil soldados brasileiros mortos nos campos de batalha da Itália, três eram do 13⁰BC: Gerhardt Holz, Estevan Borges e Augusto Gonçalves Cardoso.
A bravura dos soldados do “Nosso Batalhão” foi colocada à prova novamente na Revolução Democrática de 1964. No dia 1 de abril os soldados foram encarregados de barrar o acesso ou deslocamento de tropas na BR-59 (hoje, BR-101) em direção a Curitiba. A 2ª Cia. de Fuzileiros também ocupou o aeroporto. A situação de guerra terminou no dia 5 daquele mês e, no dia 29, o batalhão volta ao normal.
Os homens do batalhão são chamados para cruzar o Atlântico em meados na década de 1960. Parte do seu efetivo compôs oBatalhão Suez, primeira Força de Paz da ONU no Oriente Médio.
Em tempos mais recentes, já convertido em 62⁰BI, integrou o 13⁰ Contingente Brasileiro no Haiti com um pelotão de fuzilamento (2010); a Força de Pacificação no Complexo do Alemão e Penha, na cidade do Rio de Janeiro (2011); volta ao Haiti, desta vez compondo o BRABATT 2/16, com efetivo de uma companhia (2012); missão pacificadora no Complexo da Maré, na cidade do Rio de Janeiro e a força de segurança durante a realização da Copa do Mundo da Fifa (2014);e, por fim, participou da segurança durante a realização dos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro (2016).
Modernidade
A primeira grande restruturação do batalhão ocorreu somente 54 anos depois da sua chega a Joinville. Em 16 de janeiro de 1973 foi transformado em 62⁰ Batalhão de Infantaria. Em 1982 recebeu a denominação “Batalhão Francisco de Lima e Silva”, homenagem ao seu comandante morto na Batalha do Avaí, Guerra do Paraguai, em 11 de dezembro de 1868.
No ano de 2000 o batalhão foi transformado em Força de Ação Rápida do Comando Militar do Sul. Desde então tem como missão de estar pronto para ser empregado em curto prazo, em qualquer ponto dos três Estados do Sul.
Patrono
Um herói da Batalha do Avaí
Francisco de Lima e Silva nasceu em Porto Alegre (RS) em 25 de agosto de 1831, filho do general João Manoel de Lima e Silva (1º General dos Farrapos) e de Maria Joaquina de Almeida Côrte Real.
Conquistou a divisa de tenente-coronel em agosto de 1867 e sob seu comando, o 9⁰ Batalhão de Caçadores foiconsiderado um dos principais atores na Guerra da Tríplice Aliança. Morreu durante a Batalha do Avaí no dia 11 de dezembro de 1868.
Durante a campanha da Guerra do Paraguai, recebeu vários elogios e inúmeras condecorações por suas ações em combate, particularmente nas batalhas de Curuzu, Curupaiti, Potreiro Bella, Taiti, Estabelecimento, Humaitá, manobra de Piquissiri, Villeta, Itororó e Avaí.
Este episódio específico está descrito no livro História da guerra entre a Tríplice Aliança e o Paraguai, do general Augusto Tasso Fragoso: “O inimigo, vendo a confusão que reinava na nossa linha, lançou sobre ela os seus batalhões e os seus esquadrões, atacando-a com furor. A sua cavalaria precipitou-se sobre o 9º Batalhão que, privado de poder usar os seus fogos devido à chuva, teve de repelir as cargas à baioneta e, nessa ocasião, perdeu o seu digno comandante, o intrépido tenente-coronel Francisco de Lima e Silva, que foi morto a ferro frio, bem como muitos de seus oficiais e praças.
LINHA DO TEMPO
1767 – Regimento do Moura chega ao Brasil.
1774 –Regimento seguiu para a região Sul a fim de expulsar espanhóis do território do Rio Grande de São Pedro.
1793 – Por meio de decreto foi denominado 3° Regimento de Infantaria do Rio de Janeiro.
1818 – Foi transformado em 3⁰ Batalhão de Fuzileiros da Corte.
1822 – Passou a chamar-se 4⁰ Batalhão de Caçadores da Corte.
1831 – Foi denominado 4⁰ Batalhão de Caçadores.
1832 – Passou a ser denominado 2⁰ Batalhão de Caçadores do Rio de Janeiro.
1851 – Por meio de decreto,passou a denominar-se 10⁰ Batalhão de Caçadores, sediado no RJ.
1852 – Passou a denominar-se 9⁰ Batalhão de Caçadores.
1864 a 1870 – Participa de batalhas na campanha da Guerra do Paraguai.
1870 – Sai do Rio de Janeiro para Pernambuco e passa a se chamar 9⁰ Batalhão de Recife. Mais tarde se instala como 9⁰ Batalhão de Salvador (BA).
1908 – Com as 1ª, 2ª e 3ª Cias, e a 4ª Cia isolada de Natal, forma o5⁰ Regimento de Infantaria sediado em Porto União (decreto 6.971)
1909 – O 5⁰RI se instala em Ponta Grossa (PR). De 1914 a 1915 esteve no conflito do Contestado.
9 de mar de 1918 – O 13⁰ Batalhão de Caçadores do 5⁰ RI embarca em trem rumo a Joinville.
10 de março de 1918 – Chegada do 13⁰ BC a Joinville, às 17h.
1919 – Decreto 13.916 define Joinville como a sede definitiva do 13⁰ BC. Tenente coronel Otávio Valgas Neves é o primeiro comandante.
28 de junho de 1921 – Lançada pedra fundamental para a construção da sede do quartel em área de 110 mil m2 doada pela Câmara Municipal.
1⁰ de outubro de 1922 – Inauguração do quartel.
1924 – O 13⁰ BC embarca para São Paulo para combater na Revolta Paulista.
21 de julho de 1924 – O comandante, coronel Gustavo Maria de Andrade S. Thiago morre em combate na Revolta Paulista.
1944 – Sargentos, cabos e soldados integram a Força Expedicionária Brasileira na 2ª Guerra Mundial.
Década de 1960– Enviou parte de seu efetivo para compor o Batalhão Suez, primeira Força de Paz da ONU no Oriente Médio.
16 de janeiro de 1973 – 13⁰BC é transformado em 62⁰ Batalhão de Infantaria, subordinado ao Grupamento Leste Catarinense.
1982 – O 62BI recebe a denominação de Batalhão Francisco de Lima e Silva em homenagem ao seu comandante morto na Batalha de Avaí, em 1868, na Guerra do Paraguai.
1994 – Condecorado com a Ordem do Mérito Militar.
1996 – Compõe a Força de Paz da ONU representando o Exército brasileiro e o Brasil na missão internacional de paz em Angola.
2000 – O 62BI é transformado em Força de Ação Rápida Regional do Comando Militar do Sul.
2010 – Passa a organização militar tipo III.
2010 – Compõe o 13⁰ Contingente Brasileiro no Haiti com um pelotão de fuzilamento.
2011 – De maio a agosto o 62⁰BI integrou a Força de Pacificação no Complexo do Alemão e Penha, na cidade do Rio de Janeiro.
2012 – Designado novamente para atuar no Haiti, desta vez compondo o BRABATT 2/16, com efetivo de uma companhia.
2014 -Militares do 62BI integram missão pacificadora no Complexo da Maré, na cidade do Rio de Janeiro. Também integra a força de segurança durante a realização da Copa do Mundo da Fifa.
2016 – Integra a força de segurança durante a realização dos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro.
2018 – 62BI completa 100 anos de presença em Joinville e 225 anos de criação do 3⁰ RI.
(Fonte: com informações do 62º BI)