
Não dê Esmola, Ajude de Verdade!. Este é o mote da campanha que a Câmara de Dirigentes Lojistas de Joinville e a Secretaria de Assistência Social (SAS) vão colocar nas ruas da cidade. Mais de 40 placas serão instaladas na área central e em bairros da cidade para informar que Joinville tem uma rede estruturada e forte de assistência às pessoas em situação de rua, o que inclui dois restaurantes populares e um espaço específico de atendimento a essa população, o Centro Pop.
A campanha é uma das ações que a CDL e a SAS, com outras entidades, vão colocar em prática para enfrentar um problema que parece estar saindo do controle em Joinville. No último ano, mais que dobrou o número de pedintes e moradores de rua na cidade. O hábito de dar esmolas colabora para o agravamento da situação. A moeda paga pelo silêncio da consciência do cidadão”, costuma dizer o presidente da CDL, José Manoel Ramos.
Centro Pop, localizado na rua Paraíba, 923, no bairro Atiradores (perto da rodoviária), atende aos moradores de rua em Joinville
Existem outros caminhos
A saída para o problema vai muito além do semáforo. Com informações, a campanha pretende mostrar que existem outros caminhos. E a esmola não é um deles, pois a cidade tem uma estrutura bem organizada para atender às pessoas em vulnerabilidade e/ou risco social.
O secretário de Assistência Social, Vagner Ferreira de Oliveira, explica que para ter acesso aos vários serviços e programas sociais é preciso manter os cadastros atualizados. É o que permite ao município conhecer a realidade socioeconômica das famílias de baixa renda e definir o que pode e deve ser feito para ajuda-las.
“Infelizmente, o que chega ao conhecimento da população é que somente entregamos cestas básicas, concedemos benefícios do Bolsa Família ou atendemos pessoas em situação de rua. Na verdade, é muito mais. Nossa missão é trabalhar com a emancipação e autonomia dos nossos usuários e não os manter dependentes do sistema”, destaca o secretário Vagner.
Com o cadastro atualizado, a pessoa em vulnerabilidade social tem acesso a diversos benefícios e serviços para crianças, adolescentes, mulheres, idosos e adultos em geral.
Centro Pop
Um dos destaques da rede de assistência social de Joinville é o Centro Pop, que funciona na rua Paraíba, 923, no bairro Atiradores (perto da rodoviária) e atua de forma articulada com outras secretarias. É um espaço organizado especificamente para atender aos moradores de rua.
Eles têm acesso a banheiros com chuveiros, lavanderia, salas multiuso (para atendimentos e atividades coletivas, como oficinas), cozinha, armários com chaves para guardar os pertences, refeitório e espaço de recepção/abordagem. Há ainda um canil para que os animais fiquem acomodados enquanto seus tutores estão em atendimento.
Também podem, conforme a gravidade, ter acesso a lanche e roupas e são encaminhados para confecção de documentos e o Centro Público de Atendimento ao Trabalhador. Podem ainda fazer atividades de artesanato e música e têm a possibilidade de prosseguir os estudos, conforme o interesse, sendo encaminhados para a Secretaria de Educação. Busca-se também restabelecer o vínculo familiar.
A equipe do serviço de referência do Centro Pop é composta por psicólogos, assistentes sociais, educadores, zelador e cozinheira.
Abordagens diárias

O atendimento vai além desse espaço físico. Diariamente, uma equipe faz abordagens em pontos onde há mais frequência de moradores de rua, por demanda espontânea e conforme denúncias recebidas. Os profissionais escutam essas pessoas e as informam sobre os serviços oferecidos pelo Centro Pop. Em alguns casos, chamam o Consultório na Rua, da Secretaria da Saúde, para prestar o atendimento no local da abordagem.
“A maioria dos que estão em situação de rua em Joinville conhece o Centro Pop. Eles conversam entre si, têm até grupo de whats”, afirma a assistente social Vanessa Cristofolini. Por isso, a importância de os joinvilenses, ao invés de dar esmolas, indicarem esse espaço para os pedintes.
De outras cidades
A Secretaria de Assistência Social está realizando um levantamento mais detalhado das pessoas que vivem nas ruas e/ou são pedintes. A equipe já identificou que há algumas cidades encaminhando pessoas nesta situação para Joinville. “Já entramos em contato com a Federação Catarinense de Municípios (Fecam)”, informa o secretário Vagner. “Não existe ainda um instrumento jurídico que penalize esses municípios”, explica.
Sobre as pessoas acampadas na rua Ottokar Doerffel, Vagner informa que pretende retirá-las de lá assim que tiver onde realocá-las. Uma das alternativas é a Casa de Passagem Vó Joaquina, que está em fase final de construção no bairro Ulysses Guimarães.
Casa de passagem em construção

Atualmente, Joinville não tem estrutura para acolher moradores de rua e oferecer a eles um local para que também possam passar a noite. O problema deve ser resolvido com a construção da Casa de Passagem Vó Joaquina, que vai oferecer inicialmente 20 vagas/dia. A responsável pela iniciativa é a Ialorixá e ativista social Jacila Barbosa, a Mãe Jacila. O espaço está na fase final de edificação, na rua Erivelton Martins, 669, bairro Ulysses Guimarães.
As obras foram possíveis por meio de doações da comunidade. “Estamos nos adequando para que após aprovação do plano e do local possamos firmar convênio com a Prefeitura”, informa Mãe Jacila.
O secretário de Assistência Social, Vagner Ferreira de Oliveira, confirma as informações. Para ser liberado pelo município, o local deve seguir uma série de critérios, como ter na equipe profissionais técnicos e espaços adequados.
Funcionamento 24 horas
Com funcionamento 24 horas, a Casa de Passagem Vó Joaquina oferecerá cama, banho, café da manhã, almoço e janta, além dos serviços de assistência social e psicologia.
Antes de serem aceitas no local, as pessoas terão de se cadastrar no Centro Pop, para que os dois espaços possam fazer um trabalho simultâneo. O período máximo de permanência será de três meses.
Para saber os números exatos envolvendo moradores em situação de rua, incluindo os que não têm local para passar a noite, a Secretaria de Assistência Social está realizando um levantamento minucioso da situação. O diagnóstico deve ser finalizado em até quatro meses, segundo o secretário Vagner.
Para quem informar sobre
pedintes e moradores de rua
3433-3341 – Centro Pop (das 7 às 19 horas).
156 – Ouvidoria da Prefeitura (para casos envolvendo pedintes, moradores de rua e reclamações em geral). De segunda a sexta-feira, das 8 às 14 horas, exceto feriados e pontos facultativos.
47 9 88034928 – Plantão do Conselho Tutelar. Sempre que envolver crianças e adolescentes.
https://ouvidoria-form.joinville. sc.gov.br/ – Para registrar reclamações em qualquer horário.
- Por jornalista Albertina Camilo / Assessoria de Comunicação da CDL Joinville. Fotos: Alex Pompeu (morador de rua e pedinte) e Divulgação